Dissertação - Daniele Niedsberg Corrêa

Ecologia alimentar das serpentes semi-aquáticas Erythrolamprus jaegeri jaegeri (Günter, 1858) e Erythrolamprus poecilogyrus sublineatus (Cope, 1860) (Serpentes, Dipsadidae) na região costeira do extremo sul do Brasil

Autor: Daniele Niedsberg Corrêa (Currículo Lattes)

Resumo

Predadores exclusivamente carnívoros, as serpentes alimentam-se de presas variadas e ocupam diferentes hábitats. As adaptações evolutivas conferidas aos ofídios permitiram o desenvolvimento de múltiplos mecanismos de percepção da presa, modo de captura e estratégias que permitem a ingestão de presas bem maiores que seu próprio tamanho. Erythrolamprus jaegeri jaegeri e Erythrolamprus poecilogyrus sublineatus são serpentes semi-aquáticas que ocorrem em simpatria no extremo sul do Brasil. O presente estudo teve como objetivo analisar a composição da dieta dessas duas espécies e, mediante contrastes, investigar os fatores associados a essas diferenças. Para isso, foram utilizados exemplares provenientes da região de estudo, depositados em coleção Herpetológica da FURG (CHFURG). Os itens alimentares foram coletados, identificados ao menor nível taxonômico possível e medidos. Adicionalmente, todas as serpentes tiveram estruturas do corpo e da cabeça mensurados. Os itens alimentares foram analisados segundo métodos qualitativos e quantitativos como Frequência de Ocorrência (FO%), Abundância Numérica (N%), Análise Gravimétrica (P%) e Índice de Importância Relativa (IRI). Os itens mais importantes para ambas as espécies foram os anuros. Diferenças na composição da dieta e o índice de Levins indicaram um caráter especialista para E. j. jaegeri e generalista para E. p. sublineatus. E. p. sublineatus é estatisticamente maior do que E. j. jaegeri e se alimenta de itens maiores. Segundo as análises de regressão, as estruturas da cabeça parecem não interferir no tamanho das presas selecionadas, enquanto isso foi observada correlação positiva entre o comprimento e o peso de predadores e presas para as duas espécies. Os resultados indicaram que, apesar de simpátricas, a composição alimentar das espécies diverge segundo dois parâmetros: o tamanho do corpo do predador que está associado ao tamanho das presas selecionadas e a diferente amplitude de nicho de cada espécie, ambos permitindo que os recursos utilizados variem entre as espécies, diminuindo a competição e possibilitando a coexistência.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: DietaOfídiosPresas