Dissertação - Rodrigo Ferreira Bastos

Composição, abundância e diversidade da ictiofauna de sangradouros litorâneos: influência do gradiente límnico-marinho e variações sazonais

Autor: Rodrigo Ferreira Bastos (Currículo Lattes)

Resumo

Sangradouros são pequenos riachos que rompem o cordão de dunas frontais em direção à zona de arrebentação marinha. Estes sistemas ocorrem ao longo dos 620 Km da costa do estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil. O objetivo dessa dissertação foi investigar os padrões de composição de espécies, abundância e diversidade da ictiofauna de sangradouros. As relações entre as mudanças sazonais na estrutura da assembléia e fatores ambientais também foram analisadas. A salinidade, precipitação, direção e intensidade dos ventos e a temperatura foram os principais fatores estruturantes da assembléia de peixes nos sangradouros. Durante as coletas, não foi registrada a formação de um gradiente de salinidade ao longo do eixo marinho-límnico. Entretanto existem evidências de que esse gradiente ocorra durante eventos de ressaca, quando o mar avança sobre os sangradouros. Mesmo na ausência do gradiente de salinidade, foi possível observar que ao longo do período estudado as espécies marinhas foram mais abundantes em zonas próximas da conexão do sangradouro com o mar, enquanto espécies de água doce primárias foram mais abundantes em locais distantes da conexão com o mar. As espécies de água doce secundárias, que possuem tolerância à salinidade, não apresentaram diferenças na abundância entre os locais. Embora de curta duração (1-2 dias), os eventos de ressaca foram frequentes ao longo do período estudado, principalmente durante o outono e inverno. Esse período coincidiu com uma grande descarga de água doce advinda da precipitação, principalmente no inverno, que intensificou a descarga dos sangradouros e dificultou a entrada de espécies marinhas. A ocorrência de espécies marinhas dentro dos sangradouros se deu principalmente no outono e verão. A tainha Mugil liza e o barrigudinho Jenynsia multidentata foram as espécies mais frequentes e abundantes nos sangradouros. A tainha foi mais abundante e atingiu maiores tamanhos dentro dos sangradouros do que na zona de arrebentação marinha. Isso sugere a hipótese que juvenis da tainha usam os sangradouros por um curto período como área de crescimento e, após atingir um tamanho de aproximadamente 100 mm, eles retornam para o mar em busca de grandes estuários para continuar seu desenvolvimento.

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Palavras-chave: BiologiaIctiofauna de sangradourosDistúrbiosRiachosBerçáriosArroios costeiros