Dissertação - Fabiano Correa

Estrutura trófica da assembléia de peixes numa área de banhado do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS)

Autor: Fabiano Correa (Currículo Lattes)

Resumo

Localizado entre a Lagoa dos Patos (RS) e o Oceano Atlântico, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) é uma área de preservação de extrema importância para a fauna costeira do sul do Brasil. Apesar da sua relevância para a conservação, nenhum estudo relacionado à ecologia alimentar dos peixes de água doce foi realizado até o presente momento nessa região. Visando preencher essa lacuna, a presente dissertação analisa a estrutura trófica da teia alimentar da ictiofauna numa área de banhado do PNLP, comparando-a entre um período seco e chuvoso. Os exemplares foram coletados entre abril-2008 e maio-2009. Os itens alimentares encontrados no trato digestório foram quantificados por meio da frequência de ocorrência (Fo%), abundância numérica (N%) e área (mm2) (A%) ocupada pelo item alimentar, os quais foram usados no cálculo do Índice de Importância Relativa (IIR=%Fo*(N% + A%). A similaridade da dieta entre as espécies foi analisada pelo coeficiente de Bray-Curtis e pelo teste ANOSIM. Foi empregado o índice de Pianka para avaliar a sobreposição do nicho alimentar entre as espécies, e seus níveis tróficos (NT) foram estimados pelo programa TrophLab. Um total de 17 espécies e 834 indivíduos foram analisados. Um total de sete guildas tróficas foram agrupadas: I) Malacófaga, II) Onívoro, III) Piscívora, IV) Iliófaga, V) Insetívora, VI) Herbívora e VII) Onívoro com tendência a herbivoria. O nível trófico dos peixes variou entre 2,01 e 4,42 (média=2,57, EP=0,47), sendo que a base da teia alimentar foi ocupada pelos birús Cyphocarax voga e C. saladensis (ambas com NT=2,01 e EP=0,02), enquanto o topo da teia foi ocupado pela traíra Hoplias aff. malabaricus (NT=4,42; EP=0,79). (O anexo da dissertação apresenta uma análise detalhada da ecologia alimentar da traíra na área estudada, na forma de um artigo científico). De modo geral, a estrutura da teia alimentar manteve-se semelhante entre os períodos seco e chuvoso. Porém, foram observadas pequenas diferenças em relação ao nível trófico de algumas espécies, na intensidade da sobreposição de nicho entre as espécies e na quantidade (e no seu papel relativo) dos elos tróficos entre os dois períodos. Essas diferenças sugerem a hipótese de que episódios de seca e chuva, comuns nessa região, poderiam afetar a dinâmica da teia alimentar das assembléias de peixes em áreas de banhado do PNLP.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: BiologiaEcologiaCadeia alimentarTraíraEcologia alimentarNível tróficoPeixesNicho tróficoSobreposição alimentarParque Nacional da Lagoa do PeixeRio Grande do SulBrasilIctiofauna