Dissertação - Franko Teloken

Degradação foliar de Salix humboldtiana Willd. (Salicaceae) e colonização por invertebrados em ambientes aquáticos da planície costeira do Rio Grande do Sul, Brasil

Autor: Franko Teloken (Currículo Lattes)

Resumo

Esta dissertação objetivou analisar temporalmente a degradação foliar de Salix humboldtiana Willd. e a colonização dos detritos por invertebrados em um lago raso oligotrófico e um córrego arenoso da planície costeira do Rio Grande do Sul. Para estimar os coeficientes de degradação foliar e a estrutura e composição das comunidades de invertebrados, foi utilizado o método das bolsas de folhiço. No lago raso, o experimento foi realizado entre março e maio de 2009, em que 21 bolsas (contendo 6,85 g de folhas) foram incubadas na região litorânea, na superfície do sedimento, e retiradas três amostras após 1, 4, 7, 14, 32, 47 e 71 dias de decomposição. Aos 71 dias foi registrada a degradação de 51% do peso inicial (k = 0,0100 d-1). O tempo estimado para a degradação de 95% do peso foi 300 dias. Foram identificados 16040 organismos, distribuídos em 35 táxons. Caenidae (25,9%), Oligochaeta (19%), Ostracoda (13,8%), Hydracarina (9,8%), Tanypodinae (9,7%) e Coenagrionidae (7,7%) foram os táxons mais representativos. Foi observado incremento na riqueza, densidade e diversidade dos táxons ao longo do tempo, sendo que este último apresentou tendência à estabilização. Em relação aos grupos tróficos funcionais (GTF), coletores-catadores representaram 57,6% da comunidade, predadores 25%, raspadores 15,8%, coletores-filtradores 0,88% e fragmentadores 0,73%. Os indices de diversidade e homogeneidade dos GTF apresentaram estabilização a partir do 14º dia. Concluímos neste estudo que os detritos de S. humboldtiana fornecem um habitat favorável por tempo suficiente para suportar alta densidade e diversidade de invertebrados. A pequena abundância de fragmentadores indica pouca influência da comunidade detritívora na velocidade de degradação dos detritos, sendo o seu processamento realizado principalmente por coletores-catadores, via consumo de matéria orgânica particulada fina. No córrego arenoso, o experimento foi realizado entre agosto de 2009 e fevereiro de 2010. Foram incubadas 28 bolsas de folhiço na superfície do sedimento, sendo coletadas quatro amostras após 1, 7, 20, 50, 90, 126 e 184 dias. Foi registrada a degradação de 70% dos detritos (k = 0,0066 d-1) aos 184 dias. Estimou-se em 456 dias o tempo para a degradação de 95% dos detritos. A influência da cobertura dos detritos por sedimento, uma característica comum em sistemas lóticos com sedimentos instáveis, possivelmente reduziu a velocidade de degradação dos detritos e o acesso dos invertebrados a estes recursos. Os baixos valores de k obtidos no final do experimento refletem o efeito da cobertura por sedimento. Além disso, os menores valores de densidades, riqueza e índices de diversidade foram registrados nos períodos em que as bolsas estavam cobertas. Foram identificados 14197 organismos colonizando os detritos, distribuídos em 36 táxons. Oligochaeta (43,6%), Hydrobiidae (16,63%), Chironominae (11,26%) e Hydracarina (6,61%) foram os mais representativos. O condicionamento dos detritos e desenvolvimento do biofilme, sugerido pela observação do incremento das concentrações de nitrogênio e fósforo totais nos detritos, pode ter favorecido a colonização por raspadores (30% da comunidade). Considerando a pequena abundância de organismos fragmentadores (3%), a contribuição da comunidade de invertebrados para a velocidade de degradação dos detritos é baixa. O principal processamento dos detritos resulta do consumo de matéria orgânica particulada fina pelos coletores - catadores, grupo trófico mais abundante (52,8%).

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Degradação foliarConcentração (Química)Grupos tróficos funcionaisPlanície costeiraRestingaReação de decomposiçãoPeixesInvertebradosRio Grande do SulEcologiaBrasil