Dissertação - Pablo Santos Guimaraes

Relações entre fitoplâncton, bacterioplâncton e características da água em um ambiente subtropical do extremo sul do Brasil (Lagoa Mirim)

Autor: Pablo Santos Guimaraes (Currículo Lattes)

Resumo

A excreção de carboidratos incrementa a diversidade microbiana em sistemas aquáticos, promovendo associações entre algas e micro-organismos heterotróficos. Este trabalho tem o objetivo de caracterizar os carboidratos de um ponto amostral da Lagoa Mirim (RS, Brasil) e relacioná-los com variáveis ambientais e comunidades fito e bacterioplanctônicas e durante um ano de coleta. No momento da coleta foram tomadas as seguintes medidas: profundidade, temperatura da água, potencial hidrogeniônico (pH), condutividade e a transparência do disco de secchi. Os dados meterológicos (velocidade média do vento, precipitação total, insolação total e nebulosidade média) foram obtidos junto ao Instituto Nacional de Metereologia para o município de Santa Vitória do Palmar. As espécies fitoplanctônicas abundantes foram identificadas a partir de amostras concentradas em rede de plâncton de 20 μm e fixadas com formol 4%. A análise quantitativa do fitoplâncton e do bacterioplâncton foi realizada a partir de amostras integrais fixadas com Lugol 0,3%. O teor de clorofila foi determinado por espectrofotometria após extração em metanol absoluto. A análise dos nutrientes inorgânicos (cloreto, brometo, nitrato, fosfato e sulfato) e dos carboidratos dissolvidos foi realizada por cromatografia iônica de alta performance com detecção por amperometria pulsada (carboidratos) e condutividade (nutrientes). A influência ambiental sobre o fitoplâncton, bacterioplâncton e sobre a composição dos carboidratos dissolvidos foi estabelecida por uma análise de componentes principais. Foram identificados 134 táxons fitoplanctônicos divididos em 9 classes, sendo que Chlorophyceae apresentou maior riqueza, embora Bacillariophyceae e Cyanophyceae tenham tido maior densidade. A representatividade destas classes se deve principalmente às diatomáceas cêntricas (Aulacoseira muzzanensis) e às cianobactérias filamentosas (P. limnetica e P. cf. contorta). O período entre dezembro e março foi o que apresentou a maior densidade fitoplanctônica, enquanto setembro foi o mês de menor densidade. A concentração de carboidratos acompanhou o padrão da comunidade fitoplanctônica, exceto nos meses mais quentes (dezembro e janeiro), quando houve um aumento na densidade bacteriana. Não foram identificados açúcares livres, apenas polissacarídeos extracelulares (EPS), cujos componentes mais representativos foram glucose (31,65%), manose/xylose (20,6%), ribose (13,87%), arabinose (8,9%) e ácido galacturônico (8,12%). Estes açúcares podem ser relacionados às Classes mais abundantes pela comparação com dados da literatura. A ribose é relacionada à decomposição de material intracelular em ambientes naturais e seu acúmulo ocorreu após o maior pico de crescimento fitoplanctônico, entre os meses de março e julho. A comunidade fitoplanctônica, relacionada principalmente com a temperatura, condutividade, fosfato e insolação, teve forte correlação positiva com a comunidade bacteriana, o que indica a associação entre estes dois grupos. Estes resultados corroboram a idéia de que os carboidratos dissolvidos liberados pelo fitoplâncton têm um papel chave na associação entre fitoplâncton e bactérias.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: FitoplânctonBactériasÁgua doceBacterioplânctonMicroalgasPolissacarídeosLagoa Mirim (RS)BrasilRio Grande (RS)Rio Grande do Sul