Dissertação - Livia Tatsch Alves

Estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica de um lago raso hipereutrófico do extremo sul do Brasil, com ênfase em cianobactérias

Autor: Livia Tatsch Alves (Currículo Lattes)

Resumo

Conhecer a comunidade fitoplanctônica num sistema aquático é fundamental, pois esses organismos refletem a integridade ecológica do ambiente em que vivem. Este estudo visou verificar a variação da estrutura da comunidade fitoplanctônica e sua dinâmica, abrangendo as quatro estações do ano, e suas relações com as variáveis limnológicas e meteorológicas, em um lago raso subtropical do extremo sul do Brasil (Lago dos Biguás), localizado no Campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS, no período entre novembro de 2008 e julho de 2009. Para tal, foram analisadas variáveis físicas (chuva acumulada, intensidade do vento, transparência da água e temperatura do ar e da água); químicas (pH, condutividade elétrica, nitrogênio amoniacal, nitrito e fosfato) e biológicas relacionadas ao fitoplâncton (riqueza, densidade, abundância, dominância, freqüência de ocorrência, diversidade e equitabilidade). Amostras de água foram coletadas semanalmente com rede de plâncton para estudos qualitativos; e com balde de PVC, para os quantitativos e para os fatores físicos e químicos. As relações entre as variáveis físicas e químicas com as biológicas foram demonstradas utilizando a análise de componentes principais (ACP). Os resultados mostraram que a temperatura do ar e da água e a transparência da água foram os fatores ambientais que apresentaram maior variação sazonal. A comunidade fitoplanctônica se caracterizou pela presença marcante das divisões Cyanophyta e Chlorophyta, que contribuíram com a maior densidade (90,6% - Cyanophyta e 6,7% - Chlorophyta) e riqueza de táxons (Cyanophyta - 35% e Chlorophyta - 47%). O maior número de táxons ocorreu no verão (48), sendo a maior parte pertencente à divisão Chlorophyta (50%), e o menor ocorreu no inverno (32), também com predomínio da divisão Chlorophyta (44%). A divisão Cyanophyta foi principalmente representada por Planktolyngbya limnetica (Lemmermann) Komarková-Legnerová et Cronberg, Pseudanabaena mucicola (Naumann et Huber-Pestalozzi) Bourrelly, Synechocystis aquatilis Sauvageau, Aphanothece minutissima (W. West) Komarková-Legnerová et Cronberg e colônias de Chroococcales (NI); e a Chlorophyta por Scenedesmus acuminatus (Legerheim) Chodat, Monoraphidium komarkovae Nygaard, Scenedesmus spinosus Chodat, Scenedesmus sp2 e Chlorococcales (NI) A elevada abundância relativa e freqüência de ocorrência das cianobactérias (75% das unidades amostrais) foi uma característica relevante durante todo o período de estudo, com a dominância de Planktolyngbya limnetica na maior parte do tempo. Planktolyngbya limnetica formou florações mistas com Aphanizomenon aphanizomenoides (Forti) Horeká et Komárek e Sphaerocavum brasiliense Azevedo & Sant'Anna (no verão) e com Aphanizomenon gracile (Lemmermann) Lemmermann e Synechocystis aquatilis (no inverno). Os maiores valores do índice de dominância e os menores de diversidade e equitabilidade ocorreram no outono. Na primavera, registraram-se os menores valores de dominância e os maiores de diversidade e equitabilidade, quando foi verificada a menor densidade de cianobactérias. Planktolyngbya limnetica foi dominante por vinte e uma semanas consecutivas (com abundância relativa superior a 80%), a partir de meados do verão até o início do inverno, gerando uma estabilidade da comunidade fitoplanctônica neste período. O aumento na densidade de Planktolyngbya limnetica esteve relacionado positivamente a uma elevação da transparência da água; e negativamente a um aumento na concentração de fosfato. A intensidade dos distúrbios ocorridos durante este período não foi suficiente para romper a estabilidade da comunidade fitoplanctônica. Outros fatores não verificados neste estudo como, por exemplo, a herbivoria pelo zooplâncton e as exigências adaptativas de cada espécie, podem ter colaborado para a ocorrência de um “steady-state”. Embora as cianobactérias tenham dominado a comunidade fitoplanctônica do lago dos Biguás durante todo o período de amostragem, a freqüência de ocorrência dos táxons e a densidade, tanto das cianobactérias quanto dos demais grupos fitoplanctônicos, apresentaram uma variação sazonal.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: FitoplânctonCianobactériasZonas subtropicaisAmbiente aquáticoLago dos BiguásRio Grande (RS)Brasil