Dissertação - Adriane Marques Pimenta

Qualidade da água do Rio das Antas na área de influência da usina hidrelétrica Monte Claro

Autor: Adriane Marques Pimenta (Currículo Lattes)

Resumo

A transformação de um ambiente lótico (rio) em um ambiente lêntico (reservatório) modifica o metabolismo natural do ecossistema aquático e de seu entorno. Os impactos gerados devido à construção de um reservatório e alteração no fluxo natural de um rio são refletidos diretamente na qualidade da água. A alteração do fluxo natural de um rio tem efeitos à jusante do reservatório devido à alteração do hidrograma natural, e redução do leito de inundação que podem alterar a composição das espécies nativas e a qualidade da água. Em reservatórios, mudanças no tempo de residência podem alterar a ciclagem dos nutrientes, os padrões de sedimentação e composição da fauna e da flora. A usina hidrelétrica Monte Claro faz parte de um complexo hidrelétrico de três usinas, localizadas no rio das Antas no noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Seu reservatório funciona a fio dágua, sem regularização da vazão, criado para aumentar o desnível aumentando a energia potencial e otimizando a produção de energia. Esse tipo de reservatório diminui muito o tempo de retenção, auxiliando no baixo impacto na qualidade da água nesse ambiente. Para avaliação da qualidade da água foram utilizados os resultados obtidos no monitoramento da qualidade da água executado pela Ceran - Companhia Energética Rio das Antas. As coletas foram realizadas trimestralmente no período pré-enchimento (2002 a 2004) e pós-enchimento (2005 a 2008). Foram utilizados oito pontos de coleta na área de influência dessa usina. Os parâmetros analisados foram alcalinidade, clorofila a, coliformes fecais, coliformes totais, condutividade elétrica, cor, DBO, DQO, fósforo dissolvido, nitratos, nitritos, nitrogênio amoniacal, oxigênio dissolvido, pH, sílica, sólidos dissolvidos totais, sólidos suspensos, sulfatos, temperatura da água e turbidez. Esses resultados foram interpretados através da Resolução CONAMA 357/05, índice de qualidade da água, índice de estado trófico e índice de qualidade da água em reservatórios. Segundo os métodos utilizados para avaliação da qualidade da água, não foi possível observar alterações significativas na qualidade da água após a formação do reservatório e operação da usina. O baixo tempo de residência, os pulsos de vazão e capacidade de autodepuração do rio foram mantidos e contribuíram para a manutenção da qualidade da água. O Arroio Burati, que deságua no trecho de redução de vazão da usina mostra ser o principal contribuinte para a diminuição da qualidade da água principalmente pelo aporte de nutrientes e coliformes fecais. O reservatório manteve a boa qualidade, principalmente, devido ao curto tempo de residência que auxiliou na renovação da água, evitando a formação de estratificação térmica, além de evitar a formação de uma superfície anóxica acima do sedimento, evitando assim, o acúmulo de nutrientes, que favorece o crescimento do fitoplâncton, e ocorrência de eutrofização. Por ser o primeiro reservatório formado do complexo de usinas, é necessário ressaltar a continuidade do monitoramento para averiguar o impacto das demais usinas na qualidade da água, visto que estas podem causar um efeito em cascata.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: ReservatóriosQualidade da água