Dissertação - Sônia Huckembeck

Abundância, uso de microhabitat e ecologia trófica de Podonectes minutus (Günther, 1858) (Anura, Hylidae) no Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS)

Autor: Sônia Huckembeck (Currículo Lattes)

Resumo

A ecologia trófica de Podonectes minutus foi estudada em dois ambientes (banhado e dunas) no Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS), entre abril de 2008 e maio de 2009, por meio da análise de conteúdo estomacal (ACE) e de isótopos estáveis (AIE). Também foram determinadas sua abundância e utilização de microhabitas nos locais de banhado e dunas. A partir da análise da variação temporal da abundância e uso de microhabitats nas dunas e banhado, foi observado que Podonectes minutus é uma espécie associada aos ambientes aquáticos com presença de vegetação, apresentando uma tendência a ser mais abundante em meses com temperaturas mais elevadas. Com base na análise estomacal de 112 exemplares pósmetamórficos, foram encontrados 58 itens alimentares na dieta de P. minutus, sendo os principais: Coleoptera (33,3%), Odonata (20,9%), resto de inseto (26,6%), Hymenoptera (20,9%), resto animal (19%), Araneae (15,2%), Diptera (13,3%), Hemiptera (12,3%), resto vegetal (11,4%) e Orthoptera (7,6%). Baseado no método de Amundsen, a espécie apresentou uma estratégia alimentar generalista-oportunista, não ocorrendo variações de estratégia entre os ambientes estudados. Com relação às variações temporais e espaciais, P. minutus apresentou uma tendência a ter uma dieta mais rica durante o período de primavera-verão. Embora tenham sido encontradas diferenças na importância relativa de alguns itens entre as áreas estudadas, não apresentou diferenças significativas na composição da dieta entre as áreas de banhado e dunas. A análise da razão isotópica do carbono (13C) sugere que as principais fontes de carbono orgânico para a espécie no banhado sejam provenientes do seston em de plantas terrestres, especialmente gramíneas do gênero Poacea. A estimativa da posição trófica com base na razão isotópica do nitrogênio (15N) mostrou que os girinos se posicionam próximos da base da cadeia trófica (consumidor 1º), enquanto os indivíduos pós-metamórficos ocupam posições tróficas mais elevadas (consumidor 3º). Entre os indivíduos pós-metamórficos também foi possível observar um tendência de aumento da posição trófica na medida em que a espécie aumentou em tamanho. A análise da razão isotópica também corroborou a hipótese de que os fragmentos vegetais encontrados no conteúdo estomacal dos indivíduos, especialmente os de maior porte, tenham sido ingeridos acidentalmente no momento da captura das presas, não possuindo, portanto, valor nutricional para a espécie.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: AnfíbiosCadeia alimentarVariações sazonaisVariações espaciais