Dissertação - Karoline Pereira Martins

Crustáceos zooplanctônicos (Cladocera e Copepoda) em ambientes aquáticos temporários

Autor: Karoline Pereira Martins (Currículo Lattes)

Resumo

Os ambientes aquáticos temporários possuem uma comunidade bem adaptada a variações de hidroperíodo, dentre elas podemos destacar as metacomunidades de microcrustáceos. O conceito de metacomunidades busca entender a interação de comunidades ligadas por dispersão. Para entender a interação destas metacomunidades os índices de diversidade são uma excelente ferramenta. Dentre estes índices, podemos destacar a diversidade beta, definida como dissimilaridade na composição de espécies entre locais, e esta ainda pode ser particionada em turnover e nestedness. O turnover é quando ocorre substituição de algumas espécies por outras e nestedness é quando um local apresenta um conjunto de espécies que fazem parte de um conjunto maior. A urbanização é um fator importante para determinar a composição das metacomunidades de microcrustáceos, onde a crescente urbanização de áreas como, por exemplo, a deste estudo, tem causado grandes impactos. Além da urbanização, os fatores ambientais, como por exemplo, profundidade, concentração de nutrientes e área, podem influenciar as metacomunidades de microcrustáceos nos ambientes aquáticos temporários. Desta forma o objetivo do presente trabalho foi determinar a composição e diversidade da metacomunidade de microcrustáceos em ambientes aquáticos temporários de uma área urbana separada em duas categorias, área construída e área preservada. Foi avaliado como os fatores ambientais estruturam esta metacomunidades e qual o mecanismo da diversidade beta explica a dissimilaridade de táxons entre os locais amostrados. Temos como hipóteses que a riqueza de táxons e diversidade alfa será elevada nos ambientes aquáticos de área preservada. E acreditamos que nas áreas construídas ocorrerá uma perda de espécies, gerando assim uma diversidade beta explicada pelo padrão de aninhamento (nestedness). As coletas foram realizadas entre agosto e setembro de 2016 no Campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande, RS, Brasil. Nesta área urbana de 250 ha foram amostrados 14 ambientes aquáticos temporários, divididos em duas categorias, área construída (6) e preservada (8). Em cada ambiente aquático foram filtrados 20 litros de água com rede de plâncton de 68µm por ponto, no total de três pontos por ambiente. As amostras foram fixadas com álcool 80% corado e posteriormente identificadas a menor nível taxonômico possível. No mesmo momento também foram coletadas variáveis limnológicas, como oxigênio, nitrogênio, pH e clorofila, com sonda multiparâmetro e com amostras de água para posterior análise em laboratório. Também variáveis morfometricas, como área e profundidade média dos ambientes aquáticos temporários, utilizando régua para profundidade e GPS e google Earth para área. Nossos resultados demonstraram uma riqueza de 69 táxons, com elevada diversidade alfa e homogeneidade e baixa dominância, corroborando nossa primeira hipótese. Os índices de diversidade beta foram explicados pelo mecanismo de turnover, rejeitando nossa segunda hipótese. Essa dissimilaridade entre os ambientes amostrados foi explicada provavelmente por fatores como predação e cobertura vegetal, gerando assim uma diferença na composição de táxons entre as áreas construída e preservada. Já em relação aos fatores ambientais, o fator profundidade média apresentou diferença significativa entre as duas áreas, onde as áreas construídas continham ambientes aquáticos de menos profundidade e as áreas preservadas com ambientes aquáticos de maior profundidade. Assim, a profundidade média foi considerada o principal fator ambiental estruturador das comunidades nos ambientes aquáticos temporários.

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Palavras-chave: BiologiaLimnologiaEcossistemas de áreas úmidasZonas úmidasCrustáceosCladoceraDiversidade alfaDiversidade betaUrbanização