Diversidade de Monogenoidea e dinâmica populacional de Gyrodactylus (Platyhelminthes, Monogenoidea) parasitos de Characidium rachovii (Characiformes, Crenuchidae)
Autor: Tainã Guimarães da Silva (Currículo Lattes)
Resumo
Saber quem são os parasitos e elucidar os fatores que estão relacionados a variações de abundância dos mesmos são problemáticas comuns em estudos de sistemática e ecologia. A presente dissertação descreve uma nova espécie do onipresente gênero Gyrodactylus e avalia a dinâmica sazonal e influência da superfície corporal dos hospedeiros (Characidium rachovii) na abundância desse ectoparasito. Gyrodactylus sp. n. 1 é descrita através de métodos morfológicos e moleculares (ITS1-5.8S-ITS2 rDNA), de modo que a relação filogética e o status de espécie nova entre as outras espécies cogenéricas pôde ser avaliada. Gyrodactylus sp. n. 1 se assemelha à Gyrodactylus carolinae Boeger, Ferreira, Vianna & Patella, 2014 descrito a partir da superfície corporal de Characidium lanei Travassos, Characidium pterostictum Gomez e Characidium sp. Entretanto, a nova espécie difere de G. carolinae tanto por diferenças nos ganchos, barra profunda, escudo da barra superficial, órgão copulatório masculino quanto diferenças nas sequências de rDNA. Gyrodactylus sp. n. 1 agrupou com G. carolinae, e formou um clado-irmão do clado composto por Gyrodactylus teken Razo-Mendivil, García-Vásquez & Rubio-Godoy, 2016 e Gyrodactylus pakan Razo-Mendivil, García-Vásquez & Rubio-Godoy, 2016 parasitos de Astyanax aeneus (Günter) (Characidae) do México. A distância par-a-par mostrou que Gyrodactylus sp. n. 1 é mais próximo geneticamente de G. carolinae (7.4%) seguido pelos parasitos de caracídeos (8.0 - 9.6%). O efeito da sazonalidade e área superficial do hospedeiro sobre índices parasitológicos (abundância média (AM) e prevalência (P)) de Gyrodactylus sp. n. 1 foi avaliada através de modelos lineares generalizados. O padrão de dispersão de Gyrodactylus sp. n. 1 foi aferido através da relação entre variância e média. Estações do ano e a área superficial do hospedeiro explicam a variação da AM de Gyrodactylus sp. (R2=48,41). Os parasitos foram mais abundantes em hospedeiros de tamanho intermediário (entre 280 e 420 mm2). O que pode ser associado com diferenças na susceptibilidade e/ou resistência de Characidium rachovii e mecanismos denso-dependentes por parte de Gyrodactylus sp. n. 1. Menor suporte foi observado para a explicação das estações do ano e a área superficial do hospedeiro na variação dos valores de P (R2=26,69). Os parasitos se distrubuíram de forma agregada em todas estações, exceto no outono, e em todas as classes de tamanho do hospedeiro, porém foram mais abundantes em hospedeiros de tamanho intermediário.