Dissertação - Gabriela Chavez Cossio

Efeito dos herbicidas atrazina e clomazona sobre a macrófita aquática Eichhornia crassipes (Mart.) Solms (Pontederiaceae)

Autor: Gabriela Chavez Cossio (Currículo Lattes)

Resumo

A expansão agrícola gerou um aumento do uso de agrotóxicos nas lavouras, sendo estas atividades as que mais contaminam os ecossistemas aquáticos. Dentre eles, o herbicida atrazina e clomazona são amplamente utilizados em alguns países como o Brasil, apesar de sua proibição em diversos outros países, devido à sua toxicidade. A macrófita aquática Eichhornia crassipes é uma espécie não-alvo potencialmente afetada pelo uso dos herbicidas atrazina e clomazona, por responder anatômica e fisiologicamente às condições ambientais em que se desenvolve. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a estrutura anatômica das raízes e folhas de E. crassipes submetidas a diferentes concentrações dos herbicidas atrazina e clomazona, testadas individualmente e em mistura, bem como identificar o potencial genotóxico e as possíveis alterações do metabolismo fotossintético induzidos pela atrazina, sobre essa macrófita. Propágulos clonais de E. crassipes foram expostos agudamente a diferentes tratamentos. Para atrazina, foi também realizado um teste de toxicidade crônico. A clomazona teve um efeito nos pigmentos fotossintéticos, onde foi observada a não formação de pigmentos carotenoides, o qual gerou um clareamento nas folhas. A atrazina afetou a biomassa das folhas e da planta, após dois dias de exposição, mas a planta foi capaz de se recuperar e até crescer na presença desse herbicida. Da mesma forma, estruturas anatômicas da folha, como epiderme adaxial (EAD), epiderme abaxial (EAB), parênquima paliçádico (PP) e parênquima esponjoso (PE), apresentaram efeitos no início da exposição e se recuperaram, principalmente, ao final da exposição (14 dias). Com relação aos pigmentos fotossintéticos, os níveis de clorofila a, clorofila b e carotenoides aumentaram com o tempo, independentemente da concentração de atrazina. A incidência de micronúcleos foi o parâmetro mais afetado, mostrando que a atrazina é genotóxica para E. crassipes. Este estudo mostrou que os herbicidas avaliados podem induzir alterações estruturais e genotóxicas à E. crassipes, mas a espécie também apresenta potencial de recuperação. Os resultados reforçam que a atrazina e clomazona afetam negativamente espécies não-alvo, mesmo em concentrações ambientais relevantes, o que denota a necessidade de se estabelecer ou refinar medidas para reduzir/controlar a sua aplicação em áreas de uso autorizado.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: HerbicidasAtrazinaClomazonaMacrófitas aquáticasGenotoxicidadeFitotoxicidadeMicronúcleosPigmentos fotossintéticosEichhornia crassipes